Posts de Carlos Manuel Correa da Silva (873)

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Versos mudos

Um momento apenas um ou dois segundos
Uma janela aberta onde corre livre sob o sol
Voa como águia na fome voraz dos famintos
Faz da caça sua rota de seus olhos um anzol

Da janela aberta surge um rosto pintado à mão
No contorno de lábios inquietos entre um sim e o não
Atravessam memórias medos num coração acelerado
O receio do que esconde um beijo em seu outro lado

E um passo de dança divertido no meio do salão
Pode torna-se muito mais que apenas diversão

Um momento apenas um ou dois segundos
A janela de um olhar que expõe um esconderijo só meu
Que permite conhecer seus segredos seu mundo
E que se fecha devagar nos versos de um beijo seu

Deus abençoe os versos mudos
Carlos Correa

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Versos sem pronúncia

O tempo tem seus segredos e suas tramas
Ele tira uma lição guardada em nosso bolso
Ensina que o inverso da solidão não é a fama
E lentamente a boca é trocada pelo que ouço

Hoje já não me interesso mais em ser um cantor
O que me atrai é sentar no meu escuro um ou três
Shots de absoluta Belvedere e ser apenas compositor
Ficar comigo mesmo com meu egoísmo e mesquinhez

Noite após noite vou purgando o que antes era vitrine
Já não quero tanto falar e consigo ouvir cada minúcia
Da canção quando me calo e deixo que a nota ilumine
Meu coração e assim nasce um verso sem pronúncia

Trago os versos mas quem fala é a canção
Enquanto isso “Vienna” espera por mim

Deus abençoe o que a vida nos ensina
Carlos Correa

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Versos brandos

Eu desenhei um castelo nesse papel
Tinha um imenso gramado na volta
Ali deitados podíamos olhar pro céu
Pegar uma maçã da natureza morta

E tirá-la da tela fazer um piquenique
Meu castelo foi criado com esmero
Não poderia ficar sem um alambique
Tinha joaninha e até um quero-quero

Quando eu ouvia na noite ele gritar
Já sabia que eram os anjos tocando
Alguma canção eu amava os escutar
Os boêmios alados em versos brandos

Esse castelo construí na minha mente
Um lugar onde te levo quando dorme
Um velho menestrel que ainda sente
Saudade do vento soprando do Norte

Deus abençoe nossos castelos
Carlos Correa

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Tom pastel

Durante a minha vida eu criei mundos
Alguns ficaram dentro de minha mente
Em algum lugar escuro que de tão profundo
Ficaram ali guardados quase inconscientes

Mas eu sei que estão ali...

Outros se transformaram em versos de tom pastel
Léguas em linhas escritas por mil vozes diferentes
Contando histórias diversas deixadas sobre o papel
Aprendia um pouquinho depois de cada sol poente

Estranho olhar bem de frente para a lua cheia
Imaginá-la como uma grande folha em branco
E me perder em histórias interligadas numa teia
De sensações que provo sentado aqui neste banco

Não faço ideia de quantas folhas ainda vou escrever
Quantos mundos vou criar quantos sonhos vou sonhar
Mas posso dizer que a única folha que não vou esquecer
É aquela em que seu nome surge como sinônimo de amar

Deus abençoe as folhas em branco
Carlos Correa

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Sonhos em alto mar

Quando eu olho para a popa do navio
Impossível não lembrar de quando era
Um sonhador navegava por mares frios
Ou pelas correntes quentes da Primavera

Foram muitos os portos onde atraquei
Lindos locais sorrisos desejos sinceridade
Momentos especiais pelos quais passei
Mas um sonhador vive de sonhos saudade

E ele volta ao mar...

Foram muitos os portos de onde eu zarpei
Vivendo a emoção de conquistar mares e oceanos
Conhecer novas encostas tesouros que ganhei
Mas um sonhador vive sozinho ano após ano

Não nunca se envolvam com um sonhador...

Até que num porto eu descobri que não precisava
Mais sonhar e decidi não zarpar e passei a olhar
Para a proa de meu navio eu tinha o que precisava
Eu tinha minha realidade meu amor ali era meu lugar

Ainda ouço o mar me chamando com carinho
Nunca se envolvam com um sonhador que cruze seu caminho

Deus abençoe a proa dos navios
Carlos Correa

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Sal de rabugice

Andava sem prestar muita atenção
Pensava e tinha um que de nostalgia
Estava longe perdido ali no coração
Lembranças de quando tinha ousadia

E uma folha caiu suave pousou no chão

Eu mudei deixei por aí me escondi na noite
Me tornei sério algo como sal de rabugice
Mas eu sei o que marcou e o que era enfeite
Talvez seja uma teimosia em aceitar a velhice

Não consigo dominar essa minha vontade de querer
De acreditar que sou ainda algo mais que já passou
Vivo por um amor de primavera de te ver renascer
A cada dia ao meu lado como uma flor que desabrochou

Olhei para trás ao chão e acolhi aquela folha
Guardei meus outonos aqui nesta minha poesia
Sei que a vida é feita de nossas diversas escolhas
E escolhi você para ser o sol que ilumina meu dia

Deus abençoe as folhas que nos inspiram
Carlos Correa

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De olhos abertos

Um dia eu quis entrar pela madrugada
E eu fui sem qualquer intenção de voltar
Me senti acolhido por aquela caminhada
A paz que vi ali não conheci em outro lugar

Dentro da noite eu aprendi a ouvir os gritos
Traduzi-los em versos às vezes apenas esqueço
O que acontece lá fora e ali eu me reconheço
Enquanto espírito lembro ser mais que um dígito

Será que a vida tem algum sonho guardado
Algum que eu tenha esquecido de sonhar?
Foi o mar que me trouxe de volta daquele lado
Me ensinou como ir e vir o prazer de navegar

A noite traz seus perigos tirando toda minha dor
Faz acreditar ser possível esquecer tudo que errei
Por isso volto a cada amanhecer tentando ser melhor
Nas praias me recarrego não posso fugir agora já sei

Aqui exatamente aqui na fotografia do meu agora
Você poderia me ver sorrindo um sorriso mais maduro
Ainda que não tenha a pureza de uma criança embora
Reste um ou outro sonho um antigo eu apaixonado e seguro

Deus a abençoe a fortaleza da Noite
Carlos Correa

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Berçário da noite

Do lado de fora de minha janela da sala
A lua recheada de um poder inevitável
Faz me sentir uma peça inerte sem fala
Talvez para que as palavras sigam ao papel

E até que elas o encontrem são obrigadas
A cumprir andanças por campos tão floridos
Quanto solitários buscando mil rimas nas estradas
Parando nos bares procurando lares versos proibidos

Do lado de cá de minha janela eu penso em você
Suave e embriagante como whiskey do Tennessee
Algumas vezes embriagado tenho algumas dúvidas
Se é pelo álcool ou por seu olhar volúpia incontida

Então as palavras uma a uma vão formando versos
Povoando o que a garrafa vazia diz ser um berçário
Ali elas aguardam para seguir sua jornada no universo
Sonham travessas tristonhas trancadas em armários

Ou seguindo a magia das rotas das correntes marítimas
Alimentadas por cada lágrima das pessoas que a noite aproxima

Deus abençoe os mistérios da noite
Carlos Correa

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Aromas pelo tempo

Seria uma emoção sem precedentes
Teclar versos ao longo da Côte d’Azur
Ter o mediterrâneo bem à minha frente
E pela manhã ouvir você dizendo Bonjour

A forma que tenho de visitar o passado
Deixando-me levar pelas velhas canções
Ouvindo o apito do trem pelas estações
No bouquet do vinho que bebo ao seu lado

Te levarei pelas flores dos campos de lavanda
A noite nos divertiremos numa viva badalação
Andaremos na praia depois do café na varanda
Beberemos champagne e te amarei com paixão

Deus abençoe as memórias que não lembramos
Carlos Correa

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Janela dos sonhos

Passei por aqui em sua janela
Notei que estava ali dormindo
Fiquei te vendo assim tão bela
Um sonho bom estava sorrindo

Pensei num beijo mas não o fiz
O beijo precisa ser aquele abraço
De duas bocas desejando ser feliz
Um desejo inteiro não um pedaço

Vou falar sussurrado em seu ouvido
Sonhe comigo até que me encontre
Ouça minhas palavras tudo que digo
Sinta meu toque sinta em seu ventre

Passei por aqui pousei em sua janela
Deixei uns versos em sua penteadeira
Sei que não é mais assim o nome dela
Se quiser venha te leio a poesia inteira

Deus abençoe os seus sonhos
Carlos Correa

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Caminhos secretos por dentro da noite

Algumas vezes precisamos ser ousados
Dar uma oportunidade para o coração
Ouvir os tambores batendo do outro lado
Te dizendo vai lá pegue a palheta e o violão

E eu entrei noite adentro

Algumas vezes temos que nos dar valor
Reconhecer que podemos ir adiante vencer
Fazer do whisky um parceiro não um confessor
Os anjos têm formas peculiares de assim nos dizer

Segui os batuques que vinham da noite

Em tempos de ontem tinha a audácia de um tsunami
Não havia obstáculos mas destruí sem ter a intenção
Pouco importa afinal continua se chamando destruição
Aprendi a controlar o mal me trancando bem aqui

Mas algumas vezes precisamos libertar a ousadia
Ali bem no centro da noite desalgemo meu coração
Tenho as vozes os tambores as guitarras e as fantasias
Onde você gira e dança arrancando versos de minha mão

Deus abençoe os caminhos secretos dos anjos
Carlos Correa

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Sonhos respingados de Bourbon

Eu olho o mundo o vejo caminhar
Passos largos em busca de jovens
Sonhos novas ilustrações no lugar
De imagens que não mais comovem

Meus antigos solos continuam vivos

E enquanto esse mundo segue à frente
Percebo que já não mais o acompanho
Presto mais atenção um olhar diferente
Aos poucos vou me afastando do rebanho

Meus antigos solos continuam firmes

E apesar do prazer inenarrável de sentar-me
Neste canto escuro acompanhado do Bourbon
E do choro das clássicas guitarras penso em você
Sinto um calor maduro meu perfume em seu batom

Enquanto antigos solos continuam me levando ao mar

Decido então continuar aqui no escuro escondido
Admirando o céu espreitando as estrelas cadentes
Sonhos que passam ligeiros caem num lugar perdido
Enquanto eu fico aqui neste canto escuro e transparente

Mas os meus solos renitentes insistem em me trazer sonhos

Deus abençoe os sonhos dos que ainda tem tempo
Carlos Correa

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Versos de salão

Eu vim nesta noite de ventania
Trazendo esta simples intenção
Mostrar que mesmo nestes dias
Amor e poesia vão além da ficção

Então vem segure firme a minha mão
Dance comigo faça versos com passos
Me ame com os olhos esqueça o salão
Gire e voe até as estrelas lá do espaço

Acenda todas as sinapses de seu corpo
Deixe que role toda aquela eletricidade
E num beijo vai subir até chegar ao topo
Te farei luz criando um apagão na cidade

Dance comigo sobre o chão de nosso quarto
Seja qual for o ritmo twist soul pop até tango
Nesta noite seremos a poesia temos este trato
Aceite o champagne não esqueça os morangos

Deus abençoe as juras
Carlos Correa

 

 

 

 

 

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Um bar no vazio de uma noite de terça-feira
Um copo cheio no meio de uma noite quente
Entre o Blues e a solidão vem a canção e beira
Tipo uma alucinação ela surge bem à minha frente

As luzes se apagam como o dia que vai e adormece
Com o dedo nos lábios exige silencio pega minha mão
Sem resistir estou no meio do salão e tudo acontece
Tão rápido contrasta com os movimentos de sedução

O ritmo de um confronto onde os passos revelam
Segredos unidos por um quadril com a chama acesa
Serpenteando minha sanidade até que se encontram
Mãos e bocas te levo de volta e a coloco sobre à mesa

A mesa de minha sala ...amanheceu quarta-feira

Deus perdoe as memórias de um bom Bourbon
Carlos Correa

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Sonhos de botequim

Foi numa noite estranha que eu vi
O céu rasgar ali estavam os sonhos
Das pessoas que eu nunca conheci
Flutuavam cheios de fé eu suponho

Não me contive olhei mais ao fundo
Alguns fechei rápido fiquei acanhado
Era como ler cartas nuas num segundo
Eu via desejos noutro sonhos acabados

Até que percebi todos eles eram meus
Nem lembrava da maioria dos pedidos
Pássaros feridos cowboys sem chapéu
Fotografias esquecidas refúgios perdidos

Mas reconheci seu perfume se movendo
Um sonho lindo que sempre esteve em mim
Trouxe ele perto e dei-lhe um beijo refazendo
Meu pedido você valsando ao som dos bandolins

Deus abençoe os sonhos de cada um
Carlos Correa

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Atrás dos menestréis

Eu sei que posso ser um velho tolo
Acreditando nos versos que desenho
Seguindo os bardos como símbolos
Antigos menestréis e seus engenhos

Vejo pelos olhos dos velhos e crianças
E o mundo não parece ser tão colorido
Perdemos valores em nossa lembrança
Retornam num tempo quase esquecido

Fico triste desiludido mas aí eles chegam
Com suas flautas cítaras cordas e teclados
Nos ensinando versos de amor que teimam
Em dizer que o amor não é coisa do passado

E ainda que eu sinta uma dor que tortura
Que veja tanta maldade e frieza espalhada
Quando me visto de canção vão as agruras
Ficam as linhas que me guiam nesta estrada

Deus abençoe o amor que sempre
Encontrará o Caminho
Carlos Correa

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Pétalas da noite

Eu vim até aqui nesta noite de lua
Escrever um ou dois versos bobos
Escondê-los num sonho levar à rua
Vento vai logo corra como um lobo

Leve até lá antes que ela adormeça
E o vento entrará pela janela aberta
Devagarinho irá soprar em sua cabeça
Um ou dois versos um beijo a oferta

De um sono sob um céu de pirilampos
Coisas assim simples como as pétalas
Que florescem sobre um vasto campo
Onde você uma flor rara é a mais bela

Deus abençoe os sonhos
Carlos Correa

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Voo livre

Há pessoas que sentem saudade
Sentem a dor e procuram a noite
Decidem se afastar de sua cidade
Mal veem que aceitaram o açoite

Há pessoas que escolhem o rancho
Fogem dos medos da queda d’agua
Vivem nesse sereno em seu remanso
Mas seus cercados são feitos de tábuas

Foi o orvalho assíduo de suas lágrimas
Que fez ceder a madeira o libertando
Como se fosse uma ave trocou a lástima
Pelo voo livre e bateu suas asas cantando

Voltou ao centro de sua linda cidade
Sorriu reescreveu uma antiga poesia
Aquele olhar triste já não mais existia
Reconstruiu o ninho fez dele majestade

Hoje se chama felicidade....

Deus abençoe as canções que vêm da viola
Carlos Correa

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A Dama da Colina

Talvez eu veja o mundo de outra forma
Isso não me faz alguém melhor ou pior
Fiz coisas ruins muito longe das normas
Salvo por uma dama de um plano maior

Eu a vejo no alto de uma colina cuidando
De mim como se tivesse a certeza de que
Sozinho não teria chance longe do bando
Seria derrotado não perderia meu sotaque

Por isso ela deixou sementes em meu bolso
Esperou que germinassem e aos poucos via
O mundo do jeito daquelas canções que ouço
E por elas a dama da colina dizia o que queria

Pelos seus olhos eu conheci as sereias do mar
Dediquei-lhes minha devoção visitei lá no céu
As estrelas as que já haviam retornado ao lar
Fiz o que ela pediu e a noite escrevo em papel

Sei que do alto da colina ela sussurra bom dia
E boa noite sinto seu perfume através do vento
Alguns me julgam tolo por ter este sentimento
Mas sei em meu coração nada disso é fantasia

Obrigado meu Deus pela Dama da Colina
Carlos Correa

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